O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) e Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES), publicou Nota Técnica Conjunta Nº 135/2024. O documento estabelece diretrizes específicas para a notificação e investigação de casos suspeitos de febre Oropouche em gestantes, além de anomalias congênitas e óbitos fetais.
A Nota Técnica visa orientar os profissionais da rede pública e privada de saúde sobre a importância da investigação e acompanhamento dos casos suspeitos de febre Oropouche em gestantes, bem como em situações de anomalias congênitas ou óbitos fetais. Entre as principais orientações do documento estão:
- Acompanhamento pré-natal e neonatal: Fortalecimento do acompanhamento médico desde o pré-natal até o período neonatal.
- Notificação obrigatória: Todos os casos suspeitos em gestantes, especialmente aquelas com sintomas compatíveis com arboviroses, devem ser investigados e notificados. Essa recomendação é especialmente relevante para gestantes que residem ou tenham viajado para áreas onde o vírus Oropouche está em circulação.
- Investigação de anomalias congênitas: Casos de anomalias congênitas no sistema nervoso central, como microcefalia e ventriculomegalia, sem causas genéticas ou infecciosas comprovadas, devem ser investigados. A investigação deve considerar o histórico de infecções por arboviroses durante a gestação.
- Investigação de óbitos fetais: Óbitos fetais sem causas aparentes em gestantes que possam ter sido expostas ao vírus Oropouche também devem ser investigados.
Sobre o Oropouche
O Oropouche é uma doença causada por um arbovírus transmitido pelo inseto Culicoides paraensis, pertencente ao gênero Orthobunyavirus da família Peribunyaviridae. O vírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, em uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, foram registrados surtos principalmente na região Amazônica, mas outros países da América Central e do Sul, como Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela, também relataram casos e surtos.
Transmissão
A febre Oropouche é transmitida principalmente pelo Culicoides paraensis. Existem dois ciclos de transmissão:
Ciclo silvestre: Envolve animais como bichos-preguiça e primatas não-humanos, que atuam como hospedeiros do vírus. O vetor primário é o Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.
Ciclo urbano: Envolve seres humanos como principais hospedeiros. O vetor primário também é o Culicoides paraensis, porém o inseto Culex quinquefasciatus também pode transmitir o vírus.
Sintomas
Os sintomas da febre Oropouche são semelhantes aos da dengue, incluindo dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia.
Prevenção
a) Uso de roupas compridas, que cubram as pernas, os braços ou partes do corpo onde os insetos possam picar, se houver casos de Oropouche na residência ou na vizinhança.
b)Repelentes que contenham DEET, IR3535 ou icaridina, podem ser aplicados na pele exposta ou nas roupas e seu uso deve estar rigorosamente em conformidade com as instruções do rótulo do produto, ainda que as informações sobre a sua efetividade contra C. paraensis não esteja esclarecida, e considerando a efetividade desta medida de proteção individual para as outras arboviroses.
c) Uso de mosquiteiros feitos de malha fina, como o filó ou o voil branco.
d) O C. paraensis é encontrado frequentemente no peridomicílio (área externa do domicílio, quintais, varandas), vivendo próximo a plantas como bananeiras, pés de cacau, cupuaçu, gramíneas etc. Desta forma, recomenda-se evitar se expor nesses ambientes durante o período de maior atividade dos vetores, em geral nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde (a partir das 16h).
e) É fundamental a realização da limpeza de quintais que tenham acúmulo de folhas, cascas de frutas, ou matéria orgânica, sempre que possível.
f) Adicionalmente, como medida complementar, é recomendado a proteção com telas de malha fina nas portas e janelas das residências, prevenindo-se, dessa maneira, também outras arboviroses.
Leia a Nota Técnica Conjunta Nº 135/2024 na íntegra clicando aqui