Nos últimos anos, a tadalafila, um medicamento originalmente desenvolvido para tratar a disfunção erétil, tem ganhado popularidade entre frequentadores de academias como um suposto potenciador de desempenho no treino. No entanto, especialistas alertam que esse uso indiscriminado pode trazer sérios riscos à saúde. O Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (CRF-GO) reforça a importância do uso consciente e sob prescrição desse medicamento.
Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que as vendas da tadalafila no Brasil cresceram exponencialmente. Em 2020, foram comercializadas 21,4 milhões de caixas, enquanto em 2023 esse número saltou para 47,2 milhões. Somente no primeiro semestre de 2024, 31,1 milhões de caixas já haviam sido vendidas, indicando um crescimento alarmante.
Um levantamento da consultoria Close-Up International revelou ainda que a tadalafila ficou em terceiro lugar entre os medicamentos mais vendidos em 2024, gerando uma receita superior a R$ 1,2 bilhão. O aumento da procura pode estar relacionado não apenas à busca por soluções para disfunção erétil, mas também à disseminação de informações equivocadas sobre seus efeitos no ganho de massa muscular.
Especialistas alertam que não há qualquer evidência científica que comprove que a tadalafila tenha impacto positivo no crescimento muscular. A hipótese de que a medicação melhoraria a irrigação sanguínea dos músculos e, consequentemente, a hipertrofia não tem embasamento científico.
Indicações e riscos da Tadalafila
A bula da tadalafila indica o uso do medicamento apenas para três condições:
1. Disfunção erétil – quando um paciente tem dificuldades para obter ou manter uma ereção.
2. Hiperplasia prostática benigna – um aumento da próstata que dificulta a micção.
3. Hipertensão pulmonar – uma condição grave que exige doses elevadas do medicamento.
O uso fora dessas indicações pode levar a efeitos colaterais graves, incluindo:
- Queda excessiva da pressão arterial (especialmente em pacientes que fazem uso de nitratos);
- Dor de cabeça, dores musculares e congestão nasal;
- Priapismo (uma ereção prolongada e dolorosa que pode levar a danos permanentes);
- Problemas cardiovasculares graves como infarto e AVC, especialmente em indivíduos com fatores de risco preexistentes.
A farmacêutica Amouni Mourad também alerta sobre o risco de dependência psicológica. "Não falamos aqui de uma dependência química, mas muitas pessoas passam a acreditar que só conseguem ter uma boa performance sexual se tomarem o medicamento, criando uma dependência emocional preocupante."
A Importância da orientação farmacêutica
O CRF-GO reforça a necessidade de orientação adequada por profissionais da saúde antes do uso da tadalafila. Todo medicamento tarjado deve ser utilizado apenas com prescrição médica e acompanhamento farmacêutico para garantir segurança e eficiência ao paciente.
A automedicação e o uso indevido de fármacos podem trazer conseqüências graves. O CRF-GO recomenda que qualquer tratamento medicamentoso seja feito com aval e acompanhamento de um profissional da saúde, evitando complicações desnecessárias.
Fonte: Ministério da Saúde, 2025
Por Mayara da Costa - Jornalista, CRF-GO
